A história da Etiópia no século XX é marcada por uma série de transformações profundas, com a Revolução de 1974 se destacando como um momento crucial nesse processo. Esse evento, impulsionado por uma série de fatores sociais, econômicos e políticos, derrubou a monarquia de Hailé Selassié I, que havia reinado por mais de cinco décadas, e inaugurou uma nova era na história do país. A revolução marcou o fim de um sistema político tradicional e a ascensão de um regime marxista-leninista, liderado pelo Derg, uma junta militar.
As raízes da Revolução Etíope de 1974 podem ser rastreadas até os anos posteriores à Segunda Guerra Mundial. Embora a Etiópia tivesse se livrado do domínio colonial italiano em 1941, o país enfrentava desafios significativos. A disparidade socioeconômica era evidente: uma elite urbana moderna contrastava com a maioria da população rural que vivia em condições de pobreza extrema.
A fome e a seca severas que assolaram o país no início dos anos 70 agravaram as tensões sociais. Enquanto a monarquia liderada por Hailé Selassié I se agarrava ao poder, muitos acusavam o governo de corrupção e autoritarismo, agravando a frustração popular.
O contexto internacional também desempenhou um papel importante. A Guerra Fria havia dividido o mundo em dois blocos ideológicos rivais: capitalismo vs. comunismo. O exemplo de revoluções socialistas bem-sucedidas em outros países africanos inspirou grupos de oposição na Etiópia.
Em fevereiro de 1974, uma série de protestos estudantis e greves de trabalhadores iniciaram uma onda de revolta popular. A junta militar Derg, aproveitando a instabilidade política, tomou o poder em um golpe de estado sem derramamento de sangue. Hailé Selassié I foi deposto e colocado sob prisão domiciliar, onde faleceu em 1975.
O regime do Derg implementou uma série de reformas radicais, inspiradas no modelo soviético: nacionalização das terras, coletivização da agricultura, criação de um sistema de saúde universal e investimento em educação. No entanto, a implementação dessas políticas foi marcada por problemas e controvérsias.
A nacionalização das terras causou resistência entre os grandes proprietários rurais, que viram seus privilégios serem abolidos. A coletivização da agricultura teve resultados mistos: enquanto aumentou a produção em algumas regiões, também levou ao declínio da produtividade em outras áreas.
A intervenção soviética na Etiópia durante o período do Derg também gerou controvérsias. Apesar de inicialmente oferecer apoio financeiro e militar, a União Soviética acabou se afastando do regime por considerar suas políticas excessivamente radicais.
As Consequências da Revolução Etíope
A Revolução Etíope de 1974 teve consequências profundas para o país. A derrubada da monarquia marcou o fim de um sistema político tradicional que havia perdurado por séculos. A ascensão do regime marxista-leninista inaugurou uma nova era na história da Etiópia, com mudanças sociais e políticas radicais.
No entanto, a revolução também teve consequências negativas. O período do Derg foi marcado por violência política, repressão e guerra civil. Os conflitos étnicos e religiosos se intensificaram durante esse período. A economia etíope sofreu com a desordem política e a falta de investimentos, resultando em um declínio da produção e um aumento da pobreza.
Tabela: Consequências da Revolução Etíope de 1974:
Área | Consequências |
---|---|
Política | Fim da monarquia, ascensão do regime marxista-leninista (Derg), violência política e repressão. |
Social | Nacionalização das terras, coletivização da agricultura, reforma educacional. |
Econômica | Declínio da produção agrícola, aumento da pobreza, dependência de ajuda internacional. |
Internacional | Tensões com países vizinhos, intervenção soviética e cubana. |
Em 1991, o Derg foi derrubado pelo Movimento Popular para a Libertação da Tigre (MPLA), que se tornou o novo governo da Etiópia. O período pós-revolução foi marcado por um processo de reconstrução e democratização. A Etiópia atualmente é uma república federal com um sistema multipartidário.
A Revolução Etíope de 1974 foi um evento complexo e controverso, com consequências profundas para o país. Apesar dos desafios que enfrentou, a Etiópia conseguiu superar os anos de turbulência política e construir uma nova nação mais justa e democrática.